O Caboclinho pernambucano passou a ser considerado Patrimônio Cultural do Brasil nesta quinta-feira (24), após votação unânime no Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural. Uma das manifestações populares mais tradicionais do estado, a prática é marcada por forte presença religiosa afro-indígena-brasileira.
A reunião, que ocorre anualmente para avaliar os pedidos de tombamento, foi realizada na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília.
Estruturalmente, o caboclinho está ligado à prática da Jurema, religião que une elementos de matriz africana e indígena. Os "caboclos", entidades espirituais, são celebrados por meio dos instrumentos musicais e pela dança, característica da expressão.
Presente em uma área que vai de Pernambuco ao Rio Grande do Norte, o Caboclinho se estende pelo Nordeste com performances de rua e, especialmente, no carnaval.
Em Pernambuco, de acordo com o Iphan, existem cerca de 70 grupos de Caboclinho. No bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, o Caboclinho Sete Flexas foi fundado no dia 7 de setembro de 1971 e é um dos principais da capital. Idealizado por Zé Alfaiate, que faleceu duas semanas antes do reconhecimento do Iphan.
A solicitação para que o Caboclinho fosse protegido federalmente foi apresentado ao Iphan pela Secretaria de Cultura de Pernambuco, com a anuência dos representantes e membros da comunidade desse bem cultural.
A performance dos caboclinhos ocorre geralmente nas ruas com indumentária específica e sendo composta por dança e música. Os participantes se apresentam, geralmente, dançando em duas filas, cada um deles portando uma preaca, que é instrumento musical em forma de arco e flecha.