quinta-feira, 3 de abril de 2014

Pernambuco registrou média de 10 mortes por dia no mês de Março

Pernambuco ultrapassou a marca de 300 assassinatos em março, último mês de Eduardo Campos como governador do Estado. É o pior desempenho do Pacto pela Vida, programa de combate à violência, desde dezembro de 2012, quando foram contabilizados 315 crimes violentos letais intencionais (CVLIs), terminologia para designar homicídios.

Os dados ainda não foram concluídos oficialmente. Mas o Comitê Gestor do Pacto trabalha com o registro de 310 assassinatos. Uma média de dez por dia. O mês que terminou na última segunda-feira (31) também apresentou um aumento de 8,7%, pelo menos, em relação aos homicídios registrados no mesmo período do ano passado. Em março de 2013, foram 285 assassinatos.

Nos últimos dias, voltaram a ocorrer casos que chocaram a população e a opinião pública pela brutalidade dos crimes. No domingo (30), no município de Xexéu, na Mata Sul pernambucana, uma menina de 7 anos foi abusada sexualmente e estrangulada. A garota foi sequestrada à tarde, enquanto brincava no quintal de casa. O irmão da vítima, um menino de 12 anos, foi quem encontrou o corpo num canavial. O suspeito do crime já está detido.

Na segunda-feira (31), a Mata Sul presenciou outra morte violenta. Grávida de sete meses, Gabriela Maria da Cunha, 25, estava jogando dominó com duas amigas, em Barra de Sirinhaém, quando foi alvejada na barriga por um tiro disparado por um homem. Mulher e feto não resistiram. O pai da vítima, o pescador Ivanildo da Cunha, reclamou dos problemas gerados pelo tráfico. “Assim como minha filha, outro rapaz foi morto há menos de dois meses. Tudo por causa de droga.”

A marca de 300 homicídios por mês serve como uma espécie de balizador nas estatísticas da violência em Pernambuco. Desde o início de 2007, quando o Pacto foi lançado, era regra o Estado ultrapassar esse patamar. Foi assim durante todos os dois primeiros anos do programa. Em 2009, Pernambuco conseguiu a exceção de ficar abaixo das três centenas em um único mês, setembro, quando 273 assassinatos foram registrados.

Em 2010, o Comitê Gestor do Pacto comemorou o feito – até então inédito – de fechar seis dos 12 meses do ano sem passar a marcar de 300 assassinatos.

Em 2011, janeiro, fevereiro, março e abril foram os meses em que as estatísticas ultrapassaram o balizador. Contexto que só voltaria a ocorrer em setembro do ano seguinte. O “teto” foi rompido novamente em dezembro de 2012. Nos últimos 15 meses, só em março de 2014 o balanço registrou mais que 300 homicídios em todo o Estado.