quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O senador Armando Neto tem compromissos que não pode faltar

Armando Neto
É compreensível a atitude do senador Armando Monteiro Neto, atualmente no cargo de Ministro do Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior, em relação às medidas apresentadas pelo governo que atingem o Sistema S e o programa Reintegra.
O Sistema S é a âncora de sua base política a nível nacional. É com os presidentes das Federações de entidades empresariais que ele tem compromissos. Desde os tempos em que conseguiu ser presidente e ser reeleito presidente da CNI.
Não reagir de forma dura e firme seria cometer um suicídio político com o empresariado maior que não defender os interesses de Pernambuco, por exemplo. Ele pode até deixar de ser ministro de Dilma Rousseff, mas não pode decepcionar seus companheiros da CNI.
É preciso entender isso e porque ele se queixa dizendo que não participou ativamente das discussões. E quando diz que as alterações poderiam ter sido discutidas em parceria com as entidades do Sistema S.
Ele não participou de nenhuma discussão. Até porque se tivesse sido consultado diria isso a presidente Dilma Rousseff. E isso a presidente, e muito menos o ministro Joaquim Levy, não estavam interessados em ouvir.
De forma educada Armando Neto disse ontem a jornalistas não entender os cortes e que o melhor desenho seria uma solução negociada. E que “o sistema, por todas as razões, compreende as dificuldades que o país vive, e que haveria disposição para poder oferecer uma contribuição nessa hora, a partir de um modelo negociado”.
Conversa. O setor que ele representa não está a fim de abrir mão de nenhum centavo porque isso é a marca de cada um dos presidentes de federações nos 27 estados. Se existe uma coisa que os empresários se orgulham é da qualidade dos cursos que as entidades do Sistema promovem. Vai do Senac a base de treinamento do Senai.
Desde segunda-feira o ministro não parou de receber iradas cobranças de seus colegas da CNI. Até porque na sua gestão na CNI o Sistema deu um salto de qualidade. E se existe um lugar onde o Pronatec funcionou foi nas unidades do Sistema S.
Tem mais: na questão do Reintegra quando o governo reduz os benefícios do programa que devolve aos exportadores parte de seus custos dizendo que a economia estimada com a redução é de R$ 2 bilhões Armando Neto discorda frontalmente.
Ele acha que se existe um programa que o governo precisa apoiar é o de exportações. Ele tem viajado pelo mundo, desenvolvido uma gestão de apoio firme a Dilma Rousseff sendo muito mais afirmativo que todo os ministros do PT.
A ideia de apoio total as exportações é um mantra que ele repete, às vezes de forma que parece até ingênuo diante da crise de credibilidade do Governo de Dilma apenas para se manter firme na missão que atribuiu a si mesmo de aumentar as exportações.
Então o que mais lhe frustrou não foi o fato de não ter sido chamado nem ouvido para nada. Foi o gesto de corte em cima de uma área que sempre foi solidária ao governo e uma das poucas capaz de gerar notícia boa para o governo Dilma. Já havia precedentes de desentendimentos dele com Joaquim Levy que nunca o consultor para nada.
Resta saber se entre ficar no governo e defender Dilma Rousseff quando a sua base de representação deseja que ele volte imediatamente para o Senado ele vai escolher ficar com o governo em derrocada onde ocupa um cargo considerado da cota pessoal da presidente.