terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Homem vive dentro de contêiner de lixo: 'Assusta e choca', diz moradora

"Sai, sai, sai. Fecha isso". A primeira imagem é de choque e susto. Abrir um contêiner de lixo e encontrar alguém dormindo dentro dele é uma cena que se repete, segundo moradores, há pelo menos três anos perto da rodoviária de Sorocaba (SP), bairro em que o morador de rua conhecido como Emerson escolheu para "morar". Arredio, ele prefere não conversar com outras pessoas. O G1 tentou falar com o homem diversas vezes, mas sem sucesso, já que ele não fala com "estranhos".

"Na primeira vez que eu vi levei um susto, até demorei para entender que era uma pessoa quando vi algo se mexendo. Depois fiquei chocada com aquela imagem e não consegui nem dormir direito. A gente fica pensando o que leva uma pessoa a morar dentro do lixo", diz a assistente administrativa Adriana Galdini Tavano, uma das "vizinhas" do homem.
Uma das poucas pessoas que já conseguiram falar com ele é Valdemar Felipe Rosa Júnior, coordenador de um posto de combustíveis e que viu quando o homem 'se mudou' para Sorocaba.
"Ele disse o nome e que era da capital, onde trabalhava no Ceasa, mas nunca explicou por que dormia no lixo. Eu não vejo ele usando drogas ou bebendo, então eu acho que ele tem algum problema psicológico ou deixou de tomar algum remédio", conta Júnior.
Segundo Júnior, Emerson sempre "morou" em lixeiras, isso pelo menos desde que começou a ser visto pelas ruas de Sorocaba.
"A primeira vez [que o viu] foi em uma caixa de lixo de um prédio, depois em uma na rua que fica dois quarteirões para frente, até ficar variando entre dois contâineres aqui perto da rodoviária."
Vida nas ruas
Os relatos de vizinhos que ligam para reclamar da situação de Emerson no Centro POP, uma unidade de atendimento psicossocial que presta assistência a pessoas em situação de rua, são ainda mais fortes. Em um deles, um morador afirmou que teria visto ele se alimentar dos restos jogados no contêiner. "A gente até oferece comida para ele, mas ele sempre nega. Eu acho que ele come o que estiver ali mesmo porque nunca vi ele se alimentando", diz Adriana.
Nos registros da unidade de atendimento psicossocial, o nome completo dele é Emerson da Silva Raimundo, com uma variação como Edvaldo em um dos documentos. De temperamento variado e as vezes até violento, ele acaba se envolvendo em discussões.
Segundo a corretora de seguros Livia Schincariol, as brigas de Emerson com a síndica do prédio na avenida Comendador Pereira Inácio são frequentes. O local é um dos pontos em que ele passa a noite. "Essa semana ele estava com a roupa molhada e acertou nela. Ele é danado, xinga e briga", conta.
Após os três anos de convivência, os vizinhos acabaram acostumando com a presença dele nos contêineres e alertam uns aos outros a presença no local. "A gente acaba colocando o lixo para fora, na rua. Outra vez ele quase foi levado em um caminhão de lixo. Infelizmente a gente acostuma porque é o lugar que ele escolheu para morar. É a casa dele", comenta a assistente administrativa.
FONTE: G1