sexta-feira, 13 de maio de 2016

“Não fale em crise, trabalhe”, diz Michel Temer em discurso de posse.



Em cerimônia para empossar os 23 ministros, Michel Temer (PMDB), presidente em exercício após o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), discursou pedindo confiança na recuperação da economia, além de diálogo e respeito entre os três poderes. O peemebebista estava com a voz rouca e teve que parar o discurso de posse diversas vezes.
Temer usou o discurso de que seria preciso fazer um governo de “salvação nacional”, através de diálogo entre partidos e entidades organizadas. Com isso, o peemedebista afirmou que quer “resgatar a credibilidade do País” nacional e internacionalmente.
Um dos principais pontos do discurso foi a retomada do crescimento econômico. Uma das propostas de Temer é reequilibrar as contas públicas. “Já eliminamos vários ministérios da máquina pública, e não vamos parar por aí. Já estão encomendados estudos para eliminar cargos comissionados e funções gratificadas desnecessárias”, afirmou. “É preciso dar eficiência aos gastos públicos, precisamos atingir o que eu chamo de democracia da eficiência”, disse ainda.
O presidente em exercício anunciou ainda que pretende incentivar parcerias público-privadas. Mais cedo, o ex-ministro Moreira Franco, aliado dele, havia divulgado que a primeira Medida Provisória de Temer seria para estimular as concessões.
Sabemos que o Estado não pode tudo fazer, depende da atuação dos setores produtivos, empregadores de um lado e trabalhadores do outro. São estes dois polos que irão criar a nossa prosperidade. Ao Estado compete cuidar da segurança, da saúde, da educação, ou seja, dos espaços e setores fundamentais que não podem sair da ordem pública. O restante terá que ser compartilhado com a iniciativa privada, aqui entendida como uma conjugação de ação entre trabalhadores e empregadores”, afirmou o peemedebista no discurso.
Ficou claro a quem assistiu os discursos de deputados e senadores nas sessões para votar a admissibilidade do impeachment que a relação ruim com o Congresso Nacional foi um dos fatores que provocaram o afastamento de Dilma Rousseff (PT). Diante disso, Temer falou que é preciso governabilidade. “A governabilidade exige além do que eu chamo de governança, que é o apoio da classe política, do Congresso Nacional, precisa de governabilidade, que é o apoio do povo”, afirmou.
Temer respondeu as críticas de aliados de Dilma de que, quando ele assumisse, iriam chegar ao fim a Operação Lava Jato, principal investigação contra a corrupção em curso no País, e programas sociais como o Bolsa Família.
Porém, essa não foi a única crítica a Dilma na posse do presidente em exercício. “Quando nós nos desviamos dos limites do direito, nós criamos a instabilidade social e a instabilidade política”, disse. A denúncia para o impeachment da petista é, além das “pedaladas fiscais”, de decretos de créditos suplementares. Mas depois declarou respeito à presidente afastada: “Não discuto aqui as razões pelas quais foi afastada, quero apenas sublinhar a importância dos respeito às instituições e a observância da liturgia e o trato nas questões institucionais, é uma coisa que temos que recuperar em nosso país.”
Temer concluiu o discurso falando em fé, o que é alvo de críticas. “O que nós queremos fazer agora com o Brasil é um ato religioso, é um ato de religação de toda a sociedade brasileira com os valores fundamentais de nosso país. Por isso que eu peço a Deus que abençoe a todos nós.”