sexta-feira, 27 de maio de 2016

Penicilina volta a ser distribuída em PE após escassez mundial do produto.


Oito municípios com mais casos de sífilis congênita receberam 6,7 mil doses.
Remédios serão distribuídos para todo o estado, segundo o governo.



As dificuldades dos pacientes em encontrar medicamento para tratar a sífilis estão com os dias contados em Pernambuco. Com o objetivo de enfrentar a situação epidemiológica da doença no estado, todos os 184 municípios e o distrito de Fernando de Noronha voltarão a receber o principal antibiótico utilizado no tratamento da doença: a penicilina.

Após problema mundial de escassez de produção do principio ativo do remédio no ano passado, as cidades pernambucanas receberão os medicamentos adquiridos pelo Ministério da Saúde em uma quantidade proporcional aos casos de sífilis congênita, em que o bebê nasce com a doença, podendo desenvolver problemas de audição, visão e nos ossos. A resolução foi publicada na edição do Diário Oficial do Estado de Pernambuco da terça-feira (24).

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o lote inicial de 6,7 mil frascos de penicilina foram distribuídos, em abril deste ano, às cidades do Recife e de Olinda,Jaboatão dos Guararapes Paulista, CamaragibeGoiana e Ipojuca. Esses municípios receberam prioridade na distribuição do medicamento por reunirem 70% dos 10.024 casos de sífilis congênita registrados em Pernambuco no período de 1999 a 2014.
O governo do estado também contabiliza os dados de outros dois tipos dessa doença transmitida principalmente pelas relações sexuais desprotegidas: a sífilis em gestantes, com 4.718 casos em Pernambuco x entre 2005 e 2014; e a sífilis adquirida, que atingiu 1.700 pessoas de 2011 a 2014.

“A sífilis é uma das DSTs [Doenças Sexualmente Transmissíveis] mais antigas que existem, mas continua sendo um problema de saúde pública e está crescendo não apenas em Pernambuco, mas também no Brasil. Essa situação se deve ao fato de o preservativo ainda não ser muito utilizado nas relações sexuais”, acredita François Figueiroa, Coordenador do Programa Estadual de DSTs e AIDS.
Para encarar a situação epidemiológica da doença em Pernambuco, desde o final do ano passado, o estado possui um Plano de Enfrentamento, Prevenção e Controle da Sífilis. A meta principal é facilitar o acesso ao diagnóstico da doença através da disponibilização do teste rápido nas unidades básicas de saúde de todos os municípios pernambucanos.

“O problema maior da sífilis é que ela é uma doença silenciosa. Começa com uma ferida que não dói nem arde e depois desaparece, o que pode fazer a pessoa confundir com um arranhão e considerar que passou, sem saber que, na verdade, está infectada, pois não sente nada durante o período silencioso ou assintomático da doença”, alerta Figueiroa.