quinta-feira, 23 de junho de 2016

Apac prevê inverno com chuvas normalizadas no Grande Recife.


Clima volta ao normal por causa da perda de intensidade do El Niño.
Estação do frio teve início na segunda (20); período vai até o fim de julho.



O inverno tende a ser mais tranquilo, com chuvas mais bem distribuídas nas próximas semanas, na Região Metropolitana do Recife (RMR) e na Zona da Mata. Segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o fenômeno climático El Niño está perdendo força, o que fará o clima voltar à normalidade.

No mês passado, houve uma quantidade de chuva acima do normal, o que causou transtornos à população e provocou deslizamentos de terra que mataram cinco pessoas no Recife e em Olinda. No dia 30 de maio, choveu 200 milímetros em apenas seis horas.
A estação do frio só começou oficialmente no Hemisfério Sul na última segunda-feira (20). No litoral pernambucano, o período chuvoso começa em abril, durante o outono, e dura até o fim de julho, quase um mês antes do início da primavera. Nessa época, a média pluviométrica normalmente ultrapassa os mil milímetros e isso tem acontecido este ano, de acordo com a Apac.

No entanto, o que aconteceu no último mês de maio foi uma má distribuição das precipitações. “Do ano passado para cá, houve uma influência muito forte do El Niño, que inibe as chuvas no Sertão, durante o período chuvoso de lá, que vai de janeiro a abril. E isso trouxe uma perturbação no início das chuvas no Recife e na Zona da Mata”, explica o meteorologista Roberto Pereira.

O fenômeno, que consiste no aquecimento das águas do Oceano Pacífico e provoca mudanças climáticas em todo o mundo, começou a perder intensidade em março. Porém, os efeitos desse processo na capital são percebidos somente agora.

“Como o Pacífico é muito grande, a troca de calor com a atmosfera é muito lento e, querendo ou não, é longe daqui. As alterações que acontecem no Atlântico, por exemplo, chegam ao litoral de Pernambuco em aproximadamente 15 dias”, esclarece.

Assim, com o fim do El Niño, a expectativa é que não sejam registrados novos temporais como o do mês passado. “Quando há um fenômeno desses, você tem uma situação atípica, de chuva muito forte em poucos dias. E, quando há a volta à normalidade, você vai ter chuvas mais espaçadas. O episódio de maio foi em dois dias. Em junho, já está bem sendo distribuído”, afirma o meteorologista.

Em julho, a média de volume de chuva é de 314 mm, na Região Metropolitana, e 202 mm, nas Matas Sul e Norte. Esse número deve diminuir até novembro, quando a média atinge 39 mm e 26 mm, respectivamente. A partir daí, o volume volta a aumentar até maio.

La Niña
O período de normalidade, porém, pode durar pouco. Em setembro, existe uma previsão de que ocorra a La Niña, que é o contrário do El Niño, ou seja, provoca o esfriamento do Pacífico. Dessa forma, a quantidade de água que evapora para a atmosfera é menor, deixando o ar mais úmido. Por isso, as chuvas podem ficar mais intensas e o inverno, mais rigoroso.

“Se acontecer, a gente só vai sentir no próximo ano. Como a gente demora para sentir o efeito, isso só vai chegar ao Sertão em janeiro ou fevereiro. No Recife, deve chegar em abril ou maio. Mas isso não é uma certeza”, ressalta Pereira.