terça-feira, 21 de junho de 2016

Um preso é morto durante tumulto em penitenciária de Itamaracá, PE.


Confusão aconteceu na Barreto Campelo, na tarde desta segunda (20).
Segundo a PM, houve tiroteio no local, mas vítima foi espancada com pedras.



Mais um assassinato ocorrido dentro de uma unidade prisional em Pernambuco traz à tona a situação caótica dos presídios do estado. Na tarde desta segunda-feira (20), um preso foi morto em um tumulto registrado na Penitenciária Barreto Campelo, localizada em Itamaracá, na Região Metropolitana do Recife, de acordo com a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres).

A vítima foi o detento Carlos André da Silva Lima, de 28 anos. Segundo a secretaria, foram acionados o Grupo de Operações e Segurança (GOS/Seres) e o Batalhão de Choque, mas a situação foi controlada pelos agentes penitenciários da unidade antes da chegada dos efetivos.

Policiais militares do 17º Batalhão chegaram ao local por volta das 17h. Segundo a PM, houve tiroteio na unidade prisional durante o tumulto, porém a morte do preso foi ocasionada por espancamento a pedradas. O tumulto foi controlado por volta das 17h50, segundo a secretaria.

O Instituto de Medicina Legal (IML) e o Instituto de Criminalística (IC) também enviaram equipes ao local. Por meio de nota, a Seres informou que "foram identificados os responsáveis pelo tumulto e as providências estão sendo tomadas".

Tumultos anteriores
Em 1º de abril, Thiago Alves de Melo, de 30 anos, que estava preso na Penitenciária Barreto Campelo, foi assassinado por outro interno do local por meio de disparos de arma de fogo, segundo a Seres. Além de apreender o revólver, de calibre 38, a secretaria informou que identificou Adenílson Bezerra da Silva como sendo o detento responsável por alvejar o detento.

Um tumulto ocorrido na Penitenciária Barreto Campelo no dia 12 de abril deixou três presos feridos. Os detentos tiveram ferimentos leves e foram atendidos na enfermaria da unidade prisional, de acordo com a Seres. Na ocasião, a secretaria informou ainda que a direção da unidade abriu um Conselho Disciplinar para apurar os fatos, identificar e punir os responsáveis pela confusão.

Crise
No dia 23 de janeiro deste ano, o Presídio Frei Damião de Bozzano registrou uma fuga em massa de 40 presos após a explosão do muro com dinamite. Três dias antes, o Presídio Professor Barreto Campelo registrou outra fuga em massa. Na ocasião, 53 detentos escaparam.
Já no dia 8 de março, dois detentos foram baleados no Presídio Agente Penitenciário Marcelo Francisco de Araújo, que integra o Complexo Prisional do Curado. Wagner Cruz de Brito e Joab Marques de Pontes foram atingidos por tiros efetuados por policiais da Guarda Externa da unidade. No momento do tumulto, estava faltando energia no local por causa de uma pane.
Investigação internacional
No dia 8 de junho, uma visita da comitiva da Organização dos Estados Americanos (OEA) constatou a permanência da superlotação do Complexo do Curado, que conta com uma favela dentro dos pátios com setores conhecidos como "Minha cela, minha vida" ─ nome inspirado no programa federal Minha Casa, Minha Vida.
Representantes de organizações que denunciaram a situação do presídio apontaram ainda a permanência de violações dos direitos humanos, apontadas anteriormente. A inspeção foi feita por juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA e representantes das organizações, acompanhados de equipes dos governos estadual e federal. Os juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos deixaram o local sem falar com a imprensa.
Desde 2011, um grupo liderado pela Pastoral Carcerária do Estado vem denunciando uma série de irregularidades na unidade, que envolvem danos à integridade física dos presos, problemas de saúde por falta de cuidados médicos e falta de segurança para os agentes, entre outras.
No dia 24 de maio, uma reunião foi promovida na Procuradoria da República (PRPE) com a participação de autoridades do governo e do grupo que fez as denúncias à OEA. Os dois lados apresentaram relatórios sobre a atual situação na unidade, após a determinação da organização para que o Estado Brasileiro adotasse medidas para melhorar as precárias condições estruturais e de segurança no complexo.