quinta-feira, 23 de junho de 2016

Empresário encontrado morto entrou sozinho, diz advogado de motel.


Paulo César Morato era considerado foragido da Operação Turbulência. 
Câmeras registraram toda a movimentação; só houve consumo de água.


Após ver imagens das câmeras de segurança do motel em Olinda onde o foragido da Operação Turbulência, Paulo Cesar de Barros Morato, foi encontrado morto na noite de quarta-feira (22), o advogado do estabelecimento, Higínio Luís Marinsalta, afirmou que o empresário entrou sozinho no local e nenhuma outra pessoa chegou depois dele.
“O hotel estava bem munido de câmeras, e a gente está fornecendo as imagens para a polícia. Já vimos as imagens e ele (Morato) entra sozinho de carro e, daí pra frente, não mostram a entrada de pessoas estranhas, só os funcionários”, garante o advogado.
Morato teria chegado ao motel por volta das 12h de terça-feira (21), quando foi divulgado o balanço da Operação Turbulência pela Polícia Federal. Ele ficou dentro do quarto por cerca de 30 horas. “Ele não pediu absolutamente nada. Depois que a polícia entrou no quarto, a gente soube que o único consumo dele foi uma água”, conta Marinsalta.
A polícia foi acionada por funcionários do estabelecimento. "Como ele não tinha avisado se iria renovar a diária, os funcionários fizeram contato telefônico e, como não houve retorno, bateram na porta. Também não obtiveram resposta. Aguardaram mais um período e, à tarde, entraram no quarto, identificando que ele já estava em situação cadavérica", afirmou o advogado.
O corpo não tinha sinais de violência. Ele foi encontrado em cima da cama, junto com os documentos, R$ 3 mil e um relógio avaliado em R$ 10 mil. O quarto onde a vítima estava hospedada foi fechado para análise de peritos na manhã desta quinta-feira (23). O estabelecimento funciona normalmente. O carro do empresário foi encaminhado para o Departamento do Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
O empresário Paulo Cesar de Barros Morato era considerado foragido pela PF desde terça (21), quando foi deflagrada a Operação Turbulência.
A Polícia Civil está investigando a morte. De acordo com a Polícia Federal, um agente vai acompanhar o caso e, apenas se for constatado que as circunstâncias da morte têm ligação com a Operação Turbulência, a PF pode entrar nas investigações. Procurada pelo G1, a advogada do empresário, Marcela Moreira Lopes, afirmou que ele já havia tentado suicídio anteriormente.
Operação Turbulência
Na terça, os policiais federais prenderam quatro pessoas - Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal, Apolo Santana Vieira e João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho. Havia mandado de prisão contra Morato, que passou a ser considerado foragido. A operação investiga uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro, que pode ter financiado a campanha política do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014. Nesta quarta, o G1teve acesso ao inquérito, que aponta que Campos e o senador Fernando Bezerra Coelho receberam propina do dono do avião, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Morato era o “verdadeiro responsável pela empresa Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem LTDA”. Segundo o inquérito da PF, por meio desta e outras pessoas jurídicas, Morato teria “aportado recursos para a compra da aeronave PR-AFA (que caiu com Campos, em 2014) e recebido recursos milionários provenientes de empresas de fachada utilizadas nos esquemas de lavagem de dinheiro, engendrados por Alberto Yousseff, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de provenientes da construtora OAS”.
A Câmara & Vasconcelos é apontada pelo inquérito como a empresa que recebe da OAS o montante de R$ 18.858.978,16. O documento afirma que "chama a atenção" o repasse de recursos milionários de quase R$ 19 milhões para "uma empresa fantasma, a qual possui 'laranjas' confessos em sua composição societária, o que representa um claro indicativo de lavagem de dinheiro".
operação teve início com investigaçõessobre a compra do avião, logo após o acidente que matou Campos e outras seis pessoas, mas chegou a um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado até R$ 600 milhões, segundo a PF.
Esse montante seria alimentado por recursos de propinas e usado por firmas de fachada e sócios “laranjas” para fazer a lavagem de dinheiro.
A PF investiga, agora, a relação entre essas empresas citadas na Turbulência e grupos já envolvidos na Operação Lava Jato e em investigações que estão no Supremo Tribunal Federal (STF).
PF recolheu em casas e escritórios, alvos de mandados de busca e apreensão durante a operação, sete automóveis de alto luxo, 45 relógios de marcas internacionais famosas, além de R$ 3,6 milhões, dólares, revólveres e uma espingarda.Também foram apreendidos dois barcos ,dois helicópteros e um avião.